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| Criadora e criatura |
Confesso que fiquei com receio de fazer a surpresa, afinal era aniversário de 70 velinhas de uma pessoa com histórico cardíaco, que mora no litoral sul de SP, a mil km de Brasilia. A gente se se vê apenas 3, 4 vezes ao ano...
Mas durante a semana que antecedeu o aniversário dela tudo conspirou favoravelmente.
3 dias antes surgiu uma promoção relâmpago de passagem aérea para o dia da festa, 5 de abril. Também casou a folga do trabalho no fim de semana. Mais um empurrãozinho moral da família, e lá fui eu, no sábado, pra voltar na segunda-feira.
Antes de embarcar, pra não levantar suspeitas, telefonei à tarde parabenizando-a. Meu pai e irmão sabiam da visita surpresa e seguraram o corte do bolo até as 23:30h, quando cheguei no térreo do prédio.
Entrei no apartamento quietinho, enquanto todos cantavam o "parabéns". Ela não percebeu. Estava escuro, só com as velinhas acesas.
Quando terminamos de cantar ela olhou pra frente, para agradecer a todos, e viu um rosto familiar no meio de tanta gente querida. Fixou os olhos. Pensou por alguns segundos. Fez cara de espanto. Aí sim caiu a ficha e ela veio me abraçar, forte e longamente.
Foi uma choradeira danada, dela e de alguns convidados.
A aniversariante setentona me disse: "Pensei que estava ficando louca! Ele está em Brasília! Fiquei mole Eu não acredito que voce veio!
Bem, foi uma farra! Claro que eu não poderia deixar de comemorar os 70 anos de quem me deu a vida, mas muitas vezes a gente se deixa levar pela correria da vida, pelas dívidas, pelas facilidades superficiais do telefone e da internet. Mas na verdade peca pela ausência em situações e monentos importantes da família.
Aquele abraço apertado, a emoçáo e aquela energia de felicidade, mesmo chorando, nehuma tecnologia é capaz de transmitir!
A vida é agora e ao vivo, meu amigo. Aproveite.
Parabéns mãe! Amo você!
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